terça-feira, 10 de julho de 2012

Dados da China derrubam os mercados internacionais

LONDRES - A maioria das bolsas europeias fechou em queda ontem, com os investidores aguardando com nervosismo os resultados de uma reunião dos ministros das Finanças da zona do euro (Eurogrupo), que ocorreu ontem em Bruxelas, enquanto as ações de companhias de matérias-primas caíram após novos dados vindos da China acrescentarem preocupações sobre o crescimento global.

Dados decepcionantes sobre a inflação na China e números fracos dos setores manufatureiro e de serviço do Japão vieram na sequência de dados de emprego nos EUA abaixo das expectativas. "Alguns investidores estavam esperando que os chineses continuariam crescendo e administrando a sua desaceleração, o que significaria que as exportações europeias continuariam indo bem", afirmou um chefe de vendas institucionais de um banco de investimento em Londres.

Novos dados mostraram que houve redução na inflação na China em junho, sinal de que a demanda esfriou. A China divulgou que o índice de preços ao produtor (PPI) recuou 2,1% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na comparação com maio, o PPI recuou 0,7%. A média prevista por 10 economistas consultados pela Dow Jones apontava mesmo recuo, de 2,1%.

"O atual ambiente frágil, combinado com o desapontamento dos investidores com a falta de qualquer sinal de eventuais medidas do Banco Central Europeu [BCE] na semana passada, deixaram os mercados soberanos periféricos vulneráveis", escreveram hoje, em nota, analistas do Goldman Sachs. O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou a um comitê do Parlamento europeu que os líderes da zona do euro devem buscar uma integração mais profunda.

Eurogrupo sem definições

Os ministros das Finanças dos 17 países que aderiram ao euro (Eurogrupo) iniciaram ontem as conversações para viabilizar as medidas de combate à crise na Europa definidas pelos líderes dos países da União Europeia (UE) no dia 29 de junho. Um novo encontro foi marcado para o dia 20. Mas, pelos cálculos de especialistas, o acordo final deve levar alguns meses.

Esforço do BCE

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, manteve ontem a porta aberta para mais cortes nas taxas de juros, dizendo que o banco tomará qualquer decisão baseado em dados econômicos.

Questionado no Parlamento Europeu se o BCE poderá continuar com os cortes nas taxas depois do corte da semana passada para 0,75%, Draghi respondeu que "nós temos observado qual é a situação, observado os dados e os desdobramentos, e então nós decidiremos no Conselho Administrativo quais ações serão tomadas".

O membro da diretoria executiva do Banco Central Europeu, Peter Praet, disse ontem que embora a decisão tomada pelos líderes da zona do euro de criar uma união bancária tenha sido "um bom sinal", definir o papel do BCE será difícil.

Praet também justificou o momento do BCE na semana passada de reduzir os juros para 0,75%, dizendo que foi importante para mostrar que 1% não é um piso. "Sabemos que juros muito baixos por um longo período de tempo cria problemas. Por outro lado, existe um tabu em relação à taxa de juros", afirmou Praet.

O diretor do BCE elogiou a decisão recente tomada pelos líderes da zona do euro de se mover em direção a uma integração maior da europa, embora ele tenha definido que o papel do supervisor bancário europeu levará tempo e será desafiador. "No longo prazo isso não será uma coisa fácil encontrar um bom modelo para a supervisão bancária dentro do BCE. Precisamos pensar sobre a separação entre a função monetária e a função de supervisão", afirmou Praet. "E se as coisas derem errado, como dividir o peso das consequências dos erros", acrescentou ele.

Praet disse que esses assuntos estão sendo discutidos, acrescentando que embora o BCE já esteja fazendo o suficiente para ajudar a moeda comum, ele está disposto a servir como ponto para que a zona do euro possa garantir as reformas necessárias. "Infelizmente, a crise revelou falhas no desenho da construção da zona do euro."

Exportação alemã se recupera

As exportações alemãs saltaram além do esperado em maio, e as importações cresceram ainda mais, diminuindo o superávit comercial da maior economia da Europa e reanimando esperanças de que o país possa sustentar o crescimento regional em meio à crise da dívida da zona do euro.

As exportações subiram 3,9%, de acordo com dados ajustados sazonalmente, enquanto as importações aumentaram 6,3%, muito acima das expectativas de altas de 0,4% e 1,2%, respectivamente. Economistas afirmaram que os aumentos foram parte de uma correção após os dados desanimadores do mês anterior.

Os dados ajustados sazonalmente mostraram que o superávit comercial caiu para 15,0 bilhões de euros ante 16,2 bilhões de euros em janeiro.

FONTE: DCI - http://www.dci.com.br/dados-da-china-derrubam-os-mercados-internacionais-id301993.html

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