segunda-feira, 11 de março de 2013

Hotéis devem ter registro eletrônico de hóspedes

MTur impõe adoção do sistema informatizado até a Copa do Mundo

 

A ampliação da oferta de leitos não é a única meta imposta à hotelaria brasileira em função da Copa do Mundo de 2014. Segundo o ministro do Turismo, Gastão Vieira, os hotéis deverão adotar o registro eletrônico de hóspedes – com envio online das informações para o ministério – ainda este ano. O projeto, que é discutido há alguns anos pelo setor e foi formalizado no ano passado, desafia principalmente os empreendimentos independentes ainda não completamente informatizados, que precisariam optar por investir na adoção de sistemas gerenciais ou por agregar a tarefa de copiar as fichas de papel no banco de dados do MTur.

O projeto implica, basicamente, a substituição do envio dos registros em papel (que tradicionalmente era feito à Embratur) por um relatório eletrônico, que será mandado pela internet diretamente a um banco de dados do Ministério do Turismo. Para isso, os sistemas gerenciais dos hotéis (que não são padronizados) precisam ser adaptados para gerar essas informações no formato exigido pela autoridade setorial.

Ricardo Ritter, vice-presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), aponta que, além do desafio tecnológico, a questão preocupa os empresários do segmento porque o momento do registro de entrada dos hóspedes é sempre delicado. "A hotelaria prima por bem receber, e o hóspede não gosta de preencher grandes cadastros. O que esperamos é que essa mudança não implique um registro muito burocratizado e que não dificulte o acesso dos hóspedes ao hotel", afirmou.

O empresário gaúcho citou o exemplo de um empreendimento de São Paulo onde o preenchimento do registro eletrônico é feito pelo próprio hóspede, através de tablets. Porém, ele avalia que a falta de hábito de muitos hóspedes em usar a ferramenta cria problemas e forma filas. "As pessoas não conseguiam, em pouco tempo, preencher as informações pedidas. Acabavam perdendo a paciência, e os recepcionistas tinham de preencher o registro. O que o governo quer é ter conhecimento maior sobre os hóspedes da hotelaria brasileira. Mas como tudo, vai acabar incidindo nos custos das empresas e nas tarifas para os clientes."

O vice-presidente de Tecnologia da Informação do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, Alexandre Gehlen (da rede Inter-City), também demonstra preocupação com a adoção de técnicas que acabam não funcionando no dia a dia. Mas ressalta que o projeto do ministério é ambicioso e pode ser importante na definição de políticas públicas de fomento ao setor e de atração de turistas.

"As grandes redes de hotelaria já têm a questão relativamente bem-equacionada, já que apenas precisam fazer adaptações em seus softwares de gestão para gerar o relatório e integrá-lo com o sistema do ministério – evitando o retrabalho. Acredito que os empresários que não usam softwares de gestão em suas operações, ou que não

tenham essas ferramentas integradas com o ministério, receberão acesso a um ambiente (site) para fazer a digitação das informações diretamente na base de dados ministerial", detalhou.

Gehlen lembra que o cronograma inicial apontava a adoção do cadastro eletrônico em novembro do ano passado, o que não foi possível. "Mas a informação mais recente que tenho é de que já estão sendo feitos os primeiros testes. A adoção definitiva, obrigatória, deve começar pelas cidades-sede da Copa das Confederações, depois será para as sedes da Copa do Mundo 2014 e, por fim, para o restante do Brasil. Não acredito que o ministério vá, de fato, impor a adoção do sistema em todo o País neste

ano", argumentou ele, ressaltando que o hóspede continuará sendo solicitado a assinar uma ficha de papel no momento de ingresso em um hotel.

 

FONTE: Jornal do Comércio do R.G. do Sul – 11/03/2013 – Página 16

Nenhum comentário:

Postar um comentário